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Para A. Gadal era imperioso que sua intuição a respeito da existência de um tesouro iniciático cátaro fosse confirmada por sinais visíveis, os traços deixados na matéria.Ele passou boa parte de sua vida vasculhando as montanhas do Sabartez, sondando os abismos, perscrutando as cavernas, rastejando com uma lanterna na mão, como se fosse um caçador de tesouros. Ele conseguiu recuperar uma importante coleção de objetos curiosos, símbolos mágicos e ritualísticos, indicando que desde os tempos mais remotos, o Sabartez não cessara de ser, para muitos, uma terra sagrada, um refúgio espiritual. “A senda iniciática não é apenas uma imagem”, costumava dizer.Ele seguia de perto cada indício de verdade concernente aos cátaros, para aí descobrir o fio áureo que religava a uma fonte espiritual original: a Gnosis. Ele mergulhava no estudo de textos antigos em bibliotecas obscuras, nunca hesitando em copiar longas passagens, confrontando todos os pontos de vista. Auxiliado por um padre apaixonado pela pesquisa, ele teve acesso aos arquivos da Inquisição, nos quais consultou espessos registros. A maioria das fontes históricas disponíveis veio dos adversários dos cátaros, o clero católico, monges e inquisidores, vassalos da coroa francesa. Assim ele reuniu notas preciosas. |
Ele teve de reconhecer que muitos dos conceitos originais do cristianismo, fundamentados na pureza, no amor, no renascimento da alma, na santificação pelo Espírito, haviam sido paulatinamente adulterados, adaptados ao desejo de poder da Igreja e tornados adequados ao mundo.Gadal logo compreendeu que tudo havia sido feito para impedir essas descobertas. Fontes originais haviam sido destruídas ou mutiladas; outras eram inacessíveis; dados históricos foram adulterados. Lendas e fábulas foram construídas, tornando tudo cada vez mais irreconhecível. Apenas algumas pistas subsistiram, as quais Gadal prontamente seguia. |
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